Reportagem Especial — O Guardião do Tempo em Itabuna

Reportagem Especial — O Guardião do Tempo em Itabuna
Reportagem Especial — O Guardião do Tempo em Itabuna

Na contramão do tempo, Denny Pedinha resiste. Enquanto o mundo gira cada vez mais rápido, e os relógios se tornam meros acessórios digitais, há quem ainda escute o tique-taque como uma sinfonia. Na Avenida Juracy Magalhães, em Itabuna, vive um homem que não apenas conserta relógios — ele restaura memórias, preserva histórias e desafia o esquecimento: o relojoeiro Denny Pedinha.

Uma profissão à beira do silêncio

Ser relojoeiro hoje é como ser poeta em tempos de algoritmos. A profissão, outrora símbolo de precisão e respeito, vê-se ameaçada pela obsolescência. Relógios inteligentes, descartáveis, fabricados em massa. Mas Denny não se curva. Em sua pequena oficina, cercado por engrenagens, lupas e ferramentas minúsculas, ele mantém viva uma arte que exige paciência, sensibilidade e alma.

“Cada relógio tem um coração. E quando ele para, alguém sente,” diz Denny, com os olhos brilhando por trás dos óculos de aumento.

O tempo como legado

Clientes chegam com relógios herdados de avós, presentes de casamento, lembranças de tempos que não voltam. E Denny, com mãos firmes e olhar atento, devolve-lhes o pulsar. Não é apenas manutenção — é resgate. É como se ele costurasse o tempo com fios invisíveis, ligando passado e presente.

Sua oficina é um relicário. Há relógios de bolso do século passado, despertadores que sobreviveram a enchentes, cronômetros que marcaram vitórias e derrotas. E ali, entre o cheiro de óleo e o som metálico das engrenagens, Denny se torna mais que um técnico. Ele é um guardião.

 Resistência em Itabuna

Em uma cidade marcada pela força cultural e pela memória de Jorge Amado, Denny é um personagem à altura. Ele representa a resistência silenciosa dos que não se rendem à pressa. Sua presença na Juracy Magalhães é um lembrete de que o tempo não é apenas medido — ele é vivido.

Um chamado à valorização

Que esta reportagem seja mais que uma homenagem. Que seja um grito. Que Itabuna, a Bahia e o Brasil olhem para seus relojoeiros com o respeito que merecem. Porque enquanto houver alguém como Denny Pedinha, haverá tempo para a delicadeza, para o cuidado, para a memória.

E que nunca nos esqueçamos: o tempo pode ser digital, mas o afeto é sempre artesanal.